Quem me viu, quem me vê?
Procura-se:
Vida. 24 anos, quase 25, quase uma eternidade. Blogueira por insistência. Pseudo-escritora por necessidade. Fácil de amolecer, difícil de quebrar. Sofre de rinite. Ou melhor, sempre sofre quando falta o ar. Ciumenta, mas controlada. Bonitinha sem ser ordinária. Fechada, mas nunca em si mesma. Insuportavelmente sincera. Em alguns momentos, insuportável apenas. Convence com idéias ao invés de comover com lágrimas. Acredita na lei de ação e reação. Gosta mesmo é de sol, mas vez por outra rende-se a mormaços. Só se molha na chuva se ela for de verão. Saliva, suor, amêndoas doces, tutti-frutti, paixão. Puramente intensidade. Quase sempre ansiedade. Pode ser extremamente incoerente, mas só se for em busca de coesão. Liberdade e libertária. Solitária e, talvez por isso mesmo, solidária. Intuição, instinto, telepatia. Gosta de perigo, embora negue. Ainda crê no ser humano. Mas há dias em que crê, também, que nem todos são humanos. Guia de labirintos. Faxineira emocional. Flerta com as palavras, mas só casa se for com as atitudes. Estressadinha e preocupada. Dança, ritmo, calor e trabalho. Vai do samba ao tango sem quebrar o salto. Não suporta quem diz que "se cair do chão não passa". Acredita mais no "você vai cair, mas sempre passa". Emoções complexas, pensamentos tortos, mas em constante evolução. Inteira em tudo o que faz. Moderna só no que lhe convém. Redondamente quadrada. Fiel, leal. Inevitavelmente real, mesmo no virtual. Garimpeira de amor. Não gosta de matemática, talvez porque ache secundário contabilizar. Pés descalços, boca molhada, mãos que buscam. Firme, mas maleável. Beijo, toque, pele e cheiro. Romântica sem ser pegajosa. Carente e, aí sim, levemente pegajosa. Não gosta de esperar. Perigosamente persuasiva. Acha tão importante saber ganhar dinheiro quanto saber gastar. Presença que envolve e pura ausência quando começa a sufocar. Teimosa, obstinada. Sonha sim, mas sempre por etapas. Especialista em (re)começos e (re)construções. Desafiadoramente persistente. Mais perguntas do que respostas. Mais garra do que exaustão. Mais luz do que sombras. Muitas Vidas em uma somente. Ou muito somente em muitas Vidas. Ou ainda: somente muita Vida.
Foi vista pela última vez vestida de noite de inverno - fria, nebulosa e sem estrelas - , mas ainda assim com o brilho do dia no olhar. Perdeu-se, em algum instante, nas entrelinhas de um discurso qualquer. Alguém viu por aí?
