No elevador
Ele estava atrás de mim na fila de espera e, juntos, entramos no elevador. Foi ali que tudo começou. Trocamos o primeiro olhar e naquele instante senti - como nunca havia sentido antes - o meu coração bater como quem saia do peito e ganhava o mundo. Mas não um mundo qualquer: o teu mundo, aquele que eu queria que também fosse meu. Envolvidos, caminhamos a passos rápidos em busca dos sonhos distantes que pareciam mais próximos. Ou será que os sonhos é que nos perseguiram? Confesso que nunca consegui identificar o tênue limite entre o tentar alcançar e o ser capturado. Mas isso não é relevante agora, talvez nunca o seja. O fato é que quando olhei para o lado não te vi. Enquanto eu estacionei no norte, os teus pés - não sei se por escolha ou hábito - continuaram a seguir para o sul. Por mais irônico que isso possa parecer, ainda consigo ouvir a tua voz embargada me pedindo para não ir, não se dando conta de que quem estava de partida não era eu, era você. E foi ali, naquele adeus fantasiado de até breve, que o meu coração parou de bater e começou a apanhar. Foi ali que ele percebeu que a única coisa - a única - que fizemos realmente juntos foi entrar naquele elevador. E agora? Como sair de lá?
1 Comments:
São os sobes e desces da vida.
As palavras, uma por uma, parecem se elevar uma por uma que não é palavra, mas outra do gênero feminino, parecida com inspiração.
Assim, o blog vai sendo recheado,
como merece!
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