18.10.06

Faz sentido!

Marina chorava inconsolável. A mãe, aflita, tenta entender o que se passa.

_ O que houve, querida? Por que razão choras tanto?
_ Ele fingiu, mãe. F-i-n-g-i-u.
_ Como assim? Conta-me o que há.
_ Foi assim: todo dia pela manhã eu gosto de despertá-lo com um belo desjejum na cama. Levanto bem cedo, preparo tudo e o acordo toda amorosa.
_ Belo gesto.
_ Sim, mas hoje descobri que todos os dias ele acorda antes de mim. Ele levanta, lê todo o jornal, depois volta para a cama e finge que dorme para que eu possa acordá-lo. A senhora acredita nisso, mamãe?!?!? Estou tão triste.

Dona Maura riu gostosamente.

_ Que mal há nisso? Não seja exagerada! Você ainda é tão jovem e inexperiente. Veja bem: ele apenas quis ser gentil. É um gesto tão pequeno, uma mentirinha boba, não se impressione com isso.
_ Sim, é pequeno. Aliás, é quase insignificante, eu bem sei. E é justamente isso que me entristece. Pense comigo: se por uma bobagem ele finge ao invés de ser franco, imagine quando estivermos enfrentando uma situação em que falar a verdade seja necessário (como sempre é!), mas extremamente difícil e constrangedor?

Na falta de algo melhor para dizer, Dona Maura calou-se. E a mim, que ainda levo a maior fé no poder da verdade, só resta silenciar também.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

A- D- O- R- E- I !!!!!!
Sabe o que eu estou gostando? Tem post todo dia! E como não passei no comecinho, me vi cheia de textos para ler de uma só vez. Melhor impossível!!! Depois nos falamos por e-mail.

Beijos.

12:27 AM  

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