20.9.06

Das rasuras que às vezes somos

Papel e caneta em mãos, esbocei um poema para você. Nele sobravam métricas, rimas e rasuras. Sim, rasuras. Daquelas bem exigentes que se sobrepõem às palavras tortas. Às palavras que nada dizem. Às palavras que mesmo nascidas em berço de poesia, não tocam. Entristeci-me perante o fracasso de escrever-te os mais lindos versos sobre o meu amor. E de tão triste chorei, molhando toda a folha de papel. Percebi, então, que ao chover sobre o que eu poderia dizer-te, palavras e rasuras se uniram em um único borrão.
E, assim, eu nos vi naquela folha. Nós às vezes palavras. Nós às vezes rasuras. Mas sempre unidos na poesia da vida em um único borrão.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Lindo, Viviane! Parabéns!

9:45 AM  

Postar um comentário

<< Home